13 de abr. de 2011

Girassóis

E lá estávamos, ambos encabulados e confusos, sozinhos então, certamente sabíamos o que iria acontecer, mas não tínhamos certeza de como terminaria. Bem lentamente me aproximei de seu rosto projetando meus lábios para que fosse o beijo mais suave possível para aquele momento enquanto fechávamos os olhos ao som de Cidadão Quem tocando Girassóis, com o volume delicadamente baixo.
Sobre os seus lençõis nos beijávamos, já íntimos éramos agora sonho, fantasia e flores, isso pelo menos pra mim...


Como num despertar de um sonho a situação mudava de rumo, eu não pude entender o que estava para acontecer, foi quando olhei para seu rosto delineando uma expressão de tristeza e incerteza, não precisava dizer mais nada, estava tudo escrito nos seus olhos e, com sutileza, pediu para que eu fosse embora. Na medida em que as batidas do meu coração foram desacelerando fui me pondo até a porta da casa, na qual eu tinha sido recebido com tanta alegria no começo da noite, e avistei a estrada que teria que caminhar até chegar ao conforto do meu lar.
Retirando o último cigarro que me restava no bolso caminhei matutando como um lunático, e era assim que eu me sentia, um louco caminhando numa estrelada madrugada de abril, com uma adorável escuridão que me fazia compania naquela longa caminhada. A fumaça do cigarro descia para o pulmão junto com o sabor do desgosto de uma noite tão confusa, eu me perguntava ainda o que eu teria feito de errado com aquela menina, não conseguia achar explicação plausível para tal situação, chutava pequenas pedras em sinal de revolta mas me conformava culpando-me novamente por algum motivo que eu nem sabia.
Ficara sem explicação aquela noite e, sinceramente, eu não quero mais saber o motivo da rejeição, hoje me recolho à minha insignificância sem mágoa nenhuma, a experiência me dada naquele momento não foi acaso nenhum, muito menos mal entendido, creio que foi um ensinamento de dor muito eficaz da vida. Girassóis não terá mais uma boa melodia para mim.


"Deixo o sol bater na cara
Esqueço tudo que me faz mal
Deixo o sol bater no rosto
Que aí o desgosto se vai
Deixo o sol bater na cara
Esqueço tudo que me faz mal
Deixo o sol bater no rosto
Que aí o desgosto..."


Abraços... e obrigado a quem leu...

Mera Ficção!!

Um comentário:

  1. Construir um raciocínio com premissas contraditórias é chamá-la de "mera ficção"! Eu já ouvi essa falácia em algum lugar!!!
    Será que ela leu? rs

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